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26 de Abril de 2024
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    Indústria pesqueira inova para sobreviver

    Tóquio, Japão, 16/9/2010 Uma torta de pescado processado, feita com uma mistura de espécies de águas profundas, vendida frita ou congelada. Esta é a nova ideia de Takuhira Kaneko, presidente da Act for Company, empresa da cidade japonesa de Fukuoka. O produto é elaborado com o que se descarta nas redes dos barcos pesqueiros. Takuhira explicou que seu lançamento, há seis anos, foi uma contribuição para a sustentabilidade da indústria, afetada pelas sucessivas moratórias à captura de várias espécies em perigo e pela forte competitividade do mercado internacional.

    Segundo a Agência de Pesca do Japão, as importações de produtos marinhos deste país somaram, em 1998, 3,13 milhões de toneladas e as capturas nacionais chegaram a 6,68 milhões. Em 2008, as compras caíram para 2,76 milhões de toneladas e a pesca nacional para 5,59 milhões. As importações japonesas de atum de barbatana azul representaram três quartos do comércio mundial desse peixe caro. Diante de informes de que a população dessa espécie diminuía rapidamente, o Japão começava a ser objeto de uma forte pressão internacional para reduzir o consumo, altamente popular. Porém, resistiu aos apelos para que proíba sua comercialização.

    Junto com as tortas, também oferecemos pescado descartado como filé fresco. O truque é vender a preços bem baixos para criar um novo mercado, que é nossa meta principal, disse Takuhira. Suas vendas chegam a US$ 18 mil por mês. Takuhira promove seus produtos com a campanha Economize Pescado, ideia que lhe ocorreu ao ver que seu negócio diminuía ano a ano e para enfrentar o que considera falta de liderança do governo.

    A realidade hoje é que as existências de pescado estão diminuindo. Eu me sinto frustrado com o governo porque ignora este fato e tenta salvar a indústria pressionando a todos no Japão, que continuam pescando, disse Takuhira, que não é o único a despertar para a dura realidade da cambaleante indústria pesqueira japonesa. Em novembro, o Aeon, um dos principais supermercados do país, lançou uma nova iniciativa para comprar e vender pescado capturado por marinheiros locais, um projeto destinado a impulsionar a indústria local e tornar independente o mercado das espécies em perigo. Também vendemos novas variedades de pescado, disse Masaru Tanabe, porta-voz do Aeon.

    Por sua vez, Issei Kurimoto, dono de um pequeno restaurante de sushi no coração de Ginaza, uma das áreas comerciais mais visitadas de Tóquio, lamenta: a era em que se contava com um interminável fornecimento de pescado está chegando ao fim. É hora de inovar para sobreviver. O proprietário do Sushi Bar disse estar resignado diante da proposta da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites) de proibir o comércio de atum de barbatana azul do Oceano Atlântico. As existências mundiais dessa espécie caíram para 80 mil toneladas em 2008, contra 300 mil toneladas em 1974.

    O atum é extremamente popular no Japão. Mas agora estou servindo sushi com uma variedade de pescado branco, que está se popularizando, especialmente entre os clientes mais antigos, que reconhecem ser menos gorduroso, disse Issei. Um documento da Agência de Pesca de 2008 revelava que metade dos recursos marinhos nas águas que rodeiam o Japão correram o risco de cair abaixo dos níveis sustentáveis. O estudo atribuía esse fato à pesca em excesso e às crescentes temperaturas marinhas, com efeitos adversos nas ovas dos peixes.

    Apesar de resistir à proposta de proibir a comercialização de atum de barbatana azul, o Japão assegura ter dado passos para proteger essa espécie em extinção. A Agência de Pesca afirma ter instruído os pescadores locais a não fazerem capturas em oceanos durante o período da desova, e que agora estes se concentram mais em peixes de criadouros. O diretor do Instituto de Pesquisa Natural de Aquicultura (NRIA), Fuminari Ito, disse que as experiências sobre piscicultura tiveram grande progresso, marcando um novo caminho para a indústria. A tecnologia de cultivar peixes se desenvolve rapidamente. Várias espécies agora vendidas no mercado são de peixes de criadouro, contou.

    Por exemplo, 80% do goraz comercializado é de criadouro, enquanto 68% do peixe de cauda amarela, uma espécie de oceano, também é produzido de forma doméstica. Contudo, a piscicultura é um processo extremamente delicado, devido à vulnerabilidade das espécies à mínima contaminação da água, aos altos preços de sua alimentação e aos custos com mão-de-obra e infraestrutura. Fuminari disse que o NRIA agora se concentra em desenvolver um novo alimento, que seja menos dependente dos pequenos pescados e que resulte agradável às crias que são muito exigentes com o que comem, disse. Envolverde/IPS

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